Good Boy: Os ‘Enormes’ Desafios e a Estrela Canina Por Trás do Terror do Momento

Good Boy: Os ‘Enormes’ Desafios e a Estrela Canina Por Trás do Terror do Momento

29 Setembro 2025 Não Por Fernando Souza

“Good Boy” já se consolidou como um dos filmes de terror mais comentados de 2025, especialmente após sua aclamada estreia mundial no festival SXSW. Dirigido por Ben Leonberg, o longa se destaca por sua premissa única: uma história de casa mal-assombrada contada inteiramente pela perspectiva de um cachorro. E não se trata de um cão qualquer, mas sim de Indy, o melhor amigo de quatro patas do próprio diretor e de sua esposa, Kari Fischer, que coproduziu o filme. A trama acompanha Indy e seu dono, Todd (Shane Jensen), que se mudam para a casa do avô de Todd (Larry Fessenden) após este sofrer uma emergência médica misteriosa. Apesar dos avisos de Vera (Arielle Friedman), irmã de Todd, que suspeita da presença de uma força sobrenatural no local, a dupla se instala na residência. Não demora muito para que as suspeitas se confirmem, com Indy sendo o primeiro a sentir uma presença maligna que ameaça a ambos.

Indy: A Verdadeira Estrela

Desde as primeiras exibições, o filme recebeu críticas extremamente positivas, elogiando tanto a performance estelar de Indy quanto a atmosfera aterrorizante que Leonberg conseguiu criar com um cenário e uma premissa simples. O sucesso foi tamanho que, após o primeiro trailer viralizar na internet, o lançamento do filme foi ampliado de um circuito limitado para um lançamento comercial mais abrangente. Para Leonberg, a reação do público foi “incrível”, mas a verdadeira estrela é, sem dúvida, Indy. O cãozinho da raça Nova Scotia Duck Tolling Retriever conquistou a internet e até ganhou o prêmio “Howl of Fame” no SXSW. Leonberg conta, bem-humorado, que a fama já chegou às ruas: “Saímos para tomar um café e alguém perguntou: ‘Ei, esse não é aquele cachorro famoso?’. As pessoas definitivamente sabem quem ele é. Elas não sabem quem minha esposa e eu somos, então já sabemos quem é o verdadeiro famoso aqui”.

A Origem da Ideia e a Escalção Inusitada

Embora cães sejam presença comum em filmes de terror, raramente são os protagonistas. A inspiração para “Good Boy”, segundo Leonberg, veio justamente de um clichê do gênero. “Sabe aquele tropo do ‘cachorro que sabe das coisas’ ou que se recusa a entrar no porão da casa velha e assustadora? A ideia foi construir uma história inteira em torno disso”, explica o diretor. Curiosamente, ele não planejava escalar seu próprio cachorro para o papel principal. “Eu já estava trabalhando no roteiro há vários anos quando adotei o Indy ainda filhote. Comecei a fazer pequenas filmagens de teste com ele, simplesmente porque ele estava por perto”, relembra. Os curtas experimentais acabaram levando Indy a ser indicado para um prêmio, o que, nas palavras do diretor, “forçou” sua decisão de escalá-lo como protagonista.

Superando Obstáculos “Enormes”

Apesar do resultado aclamado, a produção de “Good Boy” enfrentou desafios gigantescos. Em entrevista à revista FILMHOUNDS, Leonberg detalhou as dificuldades de trabalhar com um animal. “Em filmes convencionais, a jornada de trabalho é de 12 horas por dia, todos os dias, até o fim das filmagens. Cães não conseguem fazer isso por várias razões, sendo a principal delas o curto período de atenção, que dura apenas algumas horas”, afirma. “Dizem para nunca trabalhar com crianças e animais, e esse é um dos motivos. Filmamos por mais de 400 dias ao longo de três anos, gravando uma ou duas horas por dia. O máximo que conseguíamos eram três horas. O tempo foi nosso recurso mais precioso e, creio eu, um dos maiores obstáculos”.

Ele continua: “Além disso, o cachorro é um enorme ‘Fator X’. Muitas vezes, eu passava o dia inteiro preparando uma cena. Minha esposa e eu éramos toda a equipe de filmagem durante as gravações em nossa própria casa. Eu usava uma versão de pelúcia do Indy como modelo para otimizar ao máximo suas poucas horas de trabalho. Mas, no fim, se o Indy simplesmente quisesse fazer outra coisa, não havia o que fazer. Você não pode lutar contra isso, tem que simplesmente abraçar a situação. E, às vezes, o que ele queria fazer funcionava ainda melhor para a cena”.